Investimentos e Finanças

Como montar uma carteira de ações partindo do zero

Leandro Santos
Escrito por Leandro Santos em novembro 5, 2020
Como montar uma carteira de ações partindo do zero

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Antes de você contiuar lendo esse artigo, preciso que responda essas três perguntas:

  1. Você já tem uma reserva de emergência?
  2. Você não tem dívidas?
  3. Você já investe em renda fixa?

Se você respondeu “não” para qualquer uma dessas perguntas, deve voltar algumas casinhas e fazer o seu “dever de casa” antes de começar a investir em ações.

Se respondeu “sim” para todas, pode continuar lendo.

Vamos em frente!

O artigo “5 coisas que você deve parar de fazer agora se você investe em ações” foi o mais lido do blog até agora, batendo recordes de visualizações e visitantes no site. Fico muito feliz e muito grato por saber que as pessoas querem investir melhor e evitar certos erros.

Mas muita gente veio me procurar dizendo: “Leandro, eu li o artigo mas ainda não comecei a investir. Tenho muita vontade de investir em ações mas não sei por onde começar. Não sei nem como montar uma carteira”

Daí surgiu a ideia de escrever esse artigo, para facilitar a vida de quem quer começar a investir em ações e não tem ideia por onde começar.

Então, hoje você vai aprender como montar uma carteira de ações que pode trazer bons frutos a LONGO PRAZO.

(Conheça um pouco mais sobre ações nesse artigo: Por que investir em ações e como começar)

1. Abrir conta numa corretora

Qualquer investimento em ações é feito por meio de uma corretora. Pode ser uma corretora independente, ou a corretora do banco que você tem conta.

Antigamente, os custos das corretoras dos bancos eram muito altos e a grande maioria das pessoas abriam conta numa corretora fora do banco. Atualmente, as corretoras dos bancos estão com custos bem competitivos. Sem contar com a facilidade de concentrar tudo numa conta só (banco + corretora).

Já tive conta em diversas corretoras. Hoje, concentro tudo na corretora do meu banco. Mas fica a seu critério escolher como fazer. Tanto faz.

2. Definir o percentual que pretende investir em ações

Isso é muito pessoal.

Tem gente que tem grande parte do patrimônio investido em ações e tem gente que não investe nada.

Isso vai depender do quanto você suporta as altas e baixas do mercado de renda variável. Quanto do seu dinheiro você pode suportar cair 50%, 60%, 80% e ficar alguns anos para recuperar e continuar investindo mesmo assim? Por que em mercado de renda variável isso pode (e vai) acontecer algumas vezes durante o período em que você se mantiver sócio das empresas.

O percentual escolhido para ações não precisa ser fixo. Ele pode ir mudando com o tempo. Eu mesmo, fui aumentando à medida que fui entendo mais o funcionamento do mercado e das empresas e, principalmente, mudando minha relação com o mercado de ações, focando no longo prazo (já fui trader de curto prazo).

Para quem vai começar, sugiro um percentual baixo, em torno de 5%-10%, até ganhar mais “bagagem”, experiência e ir se familiarizando com a volatilidade. E o mais importante: saber que o investimento em ações é para longo prazo. Se não conseguir absorver essa mentalidade e ficar focado nos movimentos de curto prazo, nunca será um investidor de ações de sucesso.

Como já dito, esse percentual pode ser mudado com o tempo, “de acordo com o freguês”.

3. Escolha das empresas (ações)

Essa parte é realmente muito importante.

O universo de empresas existentes é imenso, e muita gente não sabe quais delas têm ações negociadas na Bolsa e nem os códigos dessa ações. Desse jeito não da nem para saber quais empresas estudar. Por isso, facilitei esse trabalho para você.

Nos links abaixo, seguem duas listas com mais de 100 empresas que você pode começar a estudar.

Ibrx100

SMLL (Índice Small Caps)

“Ah, mas são muitas empresas. Mais de 100. Como eu vou estudar isso tudo? Ou é para comprar todas?”

Claro que não é pra comprar todas, né?? Tem muita empresa ruim aí. Daqui a pouco te ensino como selecionar as “boas”.

Primeiramente, não vou ficar aqui dizendo quais ações você deve comprar. O objetivo do blog não é esse. Você NUNCA deve seguir carteira recomendada. Se quiser ter sucesso e formar patrimônio a longo prazo, saiba bem o que está fazendo e comprando. Se você delegar para alguém (carteira recomendada) esse “trabalho”, nunca terá confiança do porquê investiu naquela empresa e vai acabar comprando ações ruins e/ou vendendo antes da hora.

Isso é uma coisa que eu insisto muito. Não pergunte a ninguém qual ação comprar, quando comprar ou quando vender. O dinheiro é seu. Aprenda o que fazer. Não é difícil. Garanto!!

Vamos voltar a escolha das empresas.

Separe todos os códigos de ações dos links que passei acima. Pode colocar os códigos numa planilha ou escrever numa folha de papel. Agora, use esse método para analisar e escolher em quais deve investir –> Como analisar ações para investir de uma maneira simples e eficaz.

Não se preocupe com a quantidade. Com a maioria das empresas desses links, você não vai perder nem 10 segundos olhando. Quando olhar a curva de tendência do lucro líquido (ou prejuízo), rapidinho vai sair riscando e eliminando várias. As que “sobrarem” você continua a análise seguindo o método do post.

Feita a análise, separe umas 10 a 15 empresas para comprar. Depois essa quantidade pode aumentar (o ideal é ter uma carteira com 20 a 30 empresas). Para facilitar, divida o valor separado para investir em ações (item 2 desse artigo) igualmente entre as empresas escolhidas.

Por exemplo: Se você tem um patrimônio (de investimentos) de R$ 50.000,00 e pretende investir 10% em ações, então seu investimento em ações será de R$ 5.000,00. Se escolher 10 empresas, então investirá R$ 500,00 em cada uma delas.

Lembrando que o lote padrão para compra de ações é de 100 ações. Mas pode-se comprar fracionário, adicionando a letra “F no final do código ao fazer a compra no home broker.

Exemplo: Ação ABCD3 custa 50 reais cada uma. Um lote de ABCD3 custa, então, 5 mil reais (50 x 100). Mas você pode comprar a fração ABCD3F. 10 ações, por exemplo, ao custo de R$ 500,00.

4. Compra dos ativos e acompanhamento da carteira

Você não deve comprar as empresas e montar a sua carteira de uma vez. O ideal é fazer essa compra de forma periódica, uma ou duas por mês, para dar tempo de ir se acostumando com a volatilidade e pegar o mercado a diversos preços (mesmo se cair, estará comprando).

Importante: esqueça ficar acompanhando todo dia, toda hora. Sei que isso é dificílimo, mas não vai ajudar em nada ficar vidrado no mercado. Na verdade vai é atrapalhar.

Depois da carteira formada, basta olhar quando for fazer o aporte periódico se o percentual designado para ações está abaixo do estipulado. Se estiver, escolha qual ação da carteira aportar conforme explicado abaixo.

Explicando: Se você estipulou que 10% dos seus investimentos seria em ações e naquele mês o percentual está em 12%, por exemplo, você deve aportar em outra categoria. Renda fixa, por exemplo. Se estiver abaixo dos 10%, aí você deve comprar ações. De preferência aquela que se desenvolveu menos na sua carteira. Se você comprou 10 empresas e investiu 500 reais em cada, compra a que tiver abaixo desse valor, por exemplo, ou a que estiver com valor menor naquele momento.

Duas coisas importantes:

  1. NUNCA se vende patrimônio para balancear carteira. Isso é balela que muita gente espalha por aí!! Se as ações subiram muito e já estão 15%, 20% da sua carteira. Vai aportando em outros ativos. A maior besteira que se pode fazer é vender para balancear. Deixa as ações crescerem, se desenvolverem. Time que está ganhando não se mexe. Se toda vez que suas ações subirem muito você for tirando dinheiro para aplicar em outro investimento, você nunca terá ganhos expressivos. Não se limita ganhos.
  2. Esses percentuais não são rígidos. Com o tempo você pode ir aumentando ou diminuindo o percentual investido em ações e, até, o percentual desejado em cada ativo. Não se estresse com isso. O importante é estar aportando sempre em ativos de boa qualidade.

Acho muito importante usar um aplicativo ou planilha para acompanhar seus investimentos. O melhor e o que eu uso, é o Bastter System, do Bastter.com. Ajuda para acompanhamento, imposto de renda e diversas outras funcionalidades. Também, há aplicativos com essa função, como o Kinvo e o Trademap (têm versões web, também). Recomendo fortemente o uso de algum desses sistemas.

5. Acompanhamento das empresas investidas e quando vender

Os resultados das empresas com capital aberto (que estão na Bolsa de Valores) são divulgados ao público trimestralmente.

Entretanto, não precisa olhar todo trimestre. Basta acompanhar uma vez por ano, geralmente entre março e abril, quando eles soltam os resultados do ano anterior. Ou seja, basta olhar o resultado anual.

O acompanhamento pode ser feito no mesmo site que utilizou para fazer o estudo das empresas para comprar (item 3 do artigo) e no RI (Relação com investidores) das empresas. Basta procurar no Google, “RI empresa tal”.

Uma coisa é certa: quanto mais você acompanha, mais tende a vender e a girar patrimônio de forma errada.

Quando começar a estudar as empresas, verá que a curva de lucros sobe, ou cai, em zigue-zague, com alguns anos com lucros menores que os outros. Muitas empresas boas podem ter alguns prejuízos trimestrais e quedas de lucro anual. Então, não é por que teve alguns resultados ruins que deve sair vendendo as ações. TODAS as empresas passam por períodos piores.

Se a empresa mantem a dívida equilibrada, fluxo de caixa positivo, boa governança, etc. ela tende a se recuperar. Têm vários casos (vários mesmo) de empresas que passam 3, 4, 5, 6 anos com a curva de lucros de lado (ou até em queda) e depois voltam a explodir.

É por isso que a pergunta mais difícil de se responder quando se investe em ações a longo prazo é: quando vender?

Eu tenho cada vez mais me convencido que não se deve vender “nunca” (a não ser la no futuro, quando for precisar do dinheiro, claro).

Já saí de várias empresas por estarem em momentos ruins, e logo vi a maioria dessas empresas voltar a ter lucros fortes e se recuperar.

Hoje, quando não estou confortável com alguma empresa, apenas paro de comprar. Deixo de quarentena. Sei porque comprei e aquele momento ruim não me estressa. E se falir? Se falir, faliu!! Minha carteira é bem diversificada e preparada para que algumas empresas possam vir a falir. Faz parte do investimento em ações a longo prazo.

É muito pior sair de um empresa que pode voltar a explodir que ficar com uma que pode vir a falir.

Então, acompanhe os resultados das suas empresas anualmente e quando não se sentir confortável com alguma, melhor deixar de quarentena do que sair vendendo. Desde que você saiba do motivo por ter comprado. E, pra mim, o quando vender é “NUNCA”.

6. Agora, tenha paciência

Esse é o item mais importante de todos!

Você precisa ter paciência para aprender e para escolher boas empresas.

Paciência para fazer as compras periodicamente, e não tudo de uma única vez.

Paciência para acomapanhar pouco, e não ficar olhando todo dia, toda hora.

E, principalmente, paciência para deixar seu patrimônio desenvolver.

Como eu sempre digo e repito: investimento em ações é para loooongo prazo e sem propósito definido. Daqui a 10 anos quer comprar um imóvel? Esse valor deve estar em renda fixa.

Investimento em renda variável varia muito. Tanto para cima, quanto para baixo. Se não tiver paciência, pode esquecer!

Ninguém fica rico com ações da noite para o dia.

Sendo sócio de boas empresas, você estará formando patrimônio a longo prazo.

O que te deixa rico é o seu trabalho e a sua renda. E quanto mais da sua renda você destinar aos investimentos e mais tempo você os mantiver investidos, maior será o seu patrimônio. O investimento em renda variável pode te ajudar a rentabilizar esse patrimônio e esses aportes periódicos.


Conclusão

Portanto, defina quanto dos seus investimentos quer destinar a ações. Estude e escolha quais empresas quer investir, lembrando que deve diversificar bastante. Compre de forma periódica, acompanhe anualmente essas empresas e, se possível, não venda “nunca”. E, o mais importante, tenha (muita) paciência para deixar o seu patrimônio crescer, investindo a maior parte do seu tempo e da sua energia ao seu trabalho e a(s) sua(s) renda(s), pois eles são as verdadeiras fontes de enriquecimento.


Se você conhece alguém que já investe ou quer começar a investir em ações, compartilhe esse artigo. São informações que irão fazer diferença na vida do investidor.

Dúvidas ou comentário, escreva abaixo que responderei.

Olá,

o que você achou deste conteúdo? Conte nos comentários.

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0 Replies to “Como montar uma carteira de ações partindo do zero”

Anônimo

Top Léo, gostei muito do texto !!

Leandro Santos

Obrigado. Continue acompanhando!

Paulo José

Excelente! Vou usar combinado com aquele outro post que ensina a analisar ações.

Leandro Santos

O importante é começar e continuar estudando sempre.

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