Antes de começar a nossa historinha, gostaria de abrir um parênteses para algumas explicações:
1 – Não estou comparando aqui o risco de investir em ações de uma única empresa com o risco da renda fixa. Irei fazer uma análise levando-se em conta o mercado de ações como um todo. Ou melhor ainda, a comparação da renda fixa com uma carteira diversificada de boas empresas.
2 – Também, mesmo sendo mais rentável e seguro a longo prazo, NUNCA deve-se ter 100% em ações. Esse percentual vai depender do “apetite” à volatilidade de cada um, e dinheiro com prazo e objetivos definidos (ex. comprar um apartamento daqui a 5 anos) sempre deve estar em renda fixa.
3 – Em se tratando de renda variável não há garantia de nada. Qualquer estudo apenas ajuda a compreender melhor os mercados e analisar o que aconteceu e vem acontecendo há vários anos. Mas retornos e acontecimentos passados não garantem que será assim no futuro. Apenas procuramos colocar a probabilidade a nosso favor.
Feitas essas considerações, vamos começar.
Senta que lá vem história.
O conto de fadas (ou de bruxas) da segurança da renda fixa
Era uma vez, um país chamado Segurança, onde 99% da população preferia guardar todo o seu dinheirinho, isso quando guardava, em renda fixa. Adoravam deixar o dinheiro na poupança, fundos DI e CDBs dos bancos, ou em títulos do governo. Dessa forma se sentiam super seguros e “contentes” em ver seu dinheiro render 2% ao ano, fora as taxas e tributos.
Nesse mesmo país, 1% da população investia em empresas. “Ora, se as empresas pegam dinheiro dos bancos para investir e ainda pagam esses empréstimos, então os lucros das empresas devem crescer mais que o custo (juros) dos empréstimos. Senão, seria melhor elas deixarem o dinheiro “guardado” nos bancos rendendo 2%. Lógico que as empresas têm que ser mais rentáveis que os juros dos bancos. Ou não faz sentido existirem. Hummm, então vou me tornar sócio das empresas”. Era assim que pensava a pequena parte da polução que investia em empresas e sabia que, no longo prazo, a rentabilidade delas têm que ser maior que a da renda fixa “segura”. Se não fosse assim, melhor não ter empresa.
O pessoal da renda fixa argumentava que as empresas poderiam falir, e que não trocavam a segurança da renda fixa por investimentos em empresas. “Tá louco, vem uma crise e as empresas começam a falir. Deixa meu dinheiro quieto, rendendo devagar e sempre que é melhor. Estou 100% seguro”.
Acontece que o que essas pessoas não sabiam era que os bancos pegam o dinheiro delas e emprestam para as empresas e para outras pessoas, que trabalham para empresas. Ou seja, quem sustentam os bancos são as empresas e pessoas que pegam empréstimos e financiamentos.
Num belo dia, acontece uma catástrofe. Uma crise gigante se instala no país. Empresas começam a falir e a demitir pessoas, as ações começam a cair, e o pessoal da renda fixa suspira aliviado por não investir em empresas. Ufa! Tô salvo!
Mas as empresas falidas começam a dar calotes nos bancos e, também, não geram mais receitas para o governo, pois não têm mais tributos para pagar. As pessoas desempregadas também dão calotes nos bancos. Esses, por não receberem mais das empresas e das pessoas, também dão calote, e o dinheiro “seguro” da renda fixa, já era. E os títulos dos governos? Sem receitas geradas pelos tributos, os governos também dão calote nos detentores do títulos.
No final, a tão segura renda fixa não foi tão segura assim.
The End!
É mais ou menos assim que funcionam os mercados financeiros. A renda fixa só será segura se as empresas crescerem e gerarem empregos, para as pessoas, e receitais, por meio de tributos, para os governos. Não existe segurança em renda fixa, se não houver crescimento de empresas. E não é só crescer. É crescer mais, muito mais, que o custo da renda fixa (juros), pois se não for assim, melhor os empresários guardarem seu dinheiro nos bancos e em títulos do governo.
Isso quer dizer que as empresas não podem falir? Claro que podem. E vão! Num prazo de 20-30 anos, algumas empresas da sua carteira podem falir. Mas a maioria delas deve crescer bastante (contanto que você invista em boas empresas e diversifique). Pois são elas que sustentam os governos, as pessoas e, consequentemente, os bancos onde seu dinheiro está “guardado” e seguro. Sem crescimento de empresas não há empregos, não há geração de renda, não há desenvolvimento do país e não há renda fixa segura.
Ainda há a segurança contra a inflação
De maneira bem simplória, o que é inflação? É o aumento dos preços.
Preços do que? Dos produtos e serviços que nós consumimos.
E quem vende esse produtos e serviços? As empresas. Bingo!!
Se são as empresas que aumentam os preços (não nos interessa aqui o motivo) elas conseguem, no longo prazo, manter os lucros. Pode até comprar matéria-prima mais cara, para fabricar o produto, mas também vende mais caro o produto final, repassando o “problema” para o consumidor final. Uma boa empresa, com boas margens e com produtos e serviços essenciais, consegue manter seus lucros mesmo com a inflação. Ou seja, o investimento em boas empresas que, no longo prazo, tendem a seguir os lucros, ficam mais protegidos.
O que pode não acontecer com a renda fixa.
Atualmente a meta Selic está 2,00% a.a.(brutos). A inflação (IPCA) acumulada nos últimos 12 meses (set/20) foi de 3,14%. A Selic do mês de setembro/2020 foi de 0,16%, enquanto o IPCA do mesmo mês foi de 0,64%.
Seu dinheiro em renda fixa está perdendo para a inflação. Ou seja, seu rendimento real na renda fixa (rendimento nominal menos a inflação) está negativo.
“Ninguém nega que, no curto prazo, as ações são mais arriscadas do que os ativos de renda fixa. Contudo, no longo prazo, a história demonstra que as ações na verdade são mais seguras do que os títulos para os investidores de longo prazo cujo objetivo é preservar o poder aquisitivo de sua riqueza.”
Jeremy J. Siegel. Investindo em Ações no Longo Prazo
E sobre a rentabilidade?
Bom, algumas imagens valem mais que mil palavras.
Conclusão
Para o longo prazo, uma carteira de ações com boas empresas e diversificada, inclusive com ativos do exterior, é mais segura e mais rentável que a renda fixa (obs: lembrar das observações do começo desse artigo).
Isso não quer dizer que você não deve ter dinheiro em renda fixa. Qualquer valor com prazo, para uma compra ou projeto a curto, médio prazo, deve ser aplicado em renda fixa.
E tem mais! Conheço muita gente que não tem estômago para as oscilações do mercado de renda variável. Ficam tensos, ansiosos, muitas vezes até doentes. Então, se você for desses, não é demérito nenhum investir só em renda fixa, ou ter uma parte bem pequena em renda variável. Trabalhe e poupe mais, que poderá ter um futuro tranquilo também.
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