João e Maria eram dois jovens investidores do mercado financeiro.
João seguia à risca os conselhos da sua corretora favorita. Enquanto Maria, preferia investir seguindo os seus próprios conhecimentos.
Ambos decidiram que teriam 50% em renda fixa e 50% em renda variável.
Todo mês, João analisava os seus investimentos e fazia mudanças na sua carteira. Se o percentual em renda variável estivesse maior, ele vendia os ativos mais valorizados, ou esticados, como gostava de dizer o seu assessor, e alocava o valor em renda fixa. Ou o contrário, vendia a renda fixa para aplicar em renda variável quando essa estivesse menor.
Já Maria preferia seguir a sua estratégia buy and hold. Nunca vendia os seus ativos e fazia os seus aportes mensais na categoria que estivesse com menor valor percentual: renda fixa ou renda variável. Mas nunca girando patrimônio.
Aos 65 anos, resolveram se aposentar.
Quem você acha que terminou com patrimônio maior?
Continue lendo esse texto e você mesmo poderá responder no final.
Mas antes, preciso que vc entenda…
O que é rebalanceamento de carteira?
Vou explicar de uma maneira simples com o exemplo abaixo.
Você, como investidor organizado e preparado que é, monta a sua estratégia de investimentos: “vou alocar 70% do meu capital em renda fixa (RF) e 30% em ações”.
Passa um tempo e a sua carteira de ações desenvolveu. Agora você está com 60% em RF e 40% em ações. Então, você vende o excedente em ações (10%) e aloca em renda fixa, voltando à sua estratégia inicial (70×30).
Ou sua posição em ações pode cair para 20%, por exemplo. Daí, você tira da posição em RF para comprar ações e retornar ao patamar inicial que você definiu.
Era exatamente isso que João, da história no começo desse texto, fazia na sua carteira de investimentos.
Essa estratégia, bastante difundida por corretoras e por muitos “especialistas” do mercado financeiro, é conhecida como rebalanceamento de carteira ou alocação “inteligente”.
Esse rebalanceamento é feito tanto entre classes de ativos, renda fixa e variável, como dentro da mesma classe: vender a ação que já subiu “muito” para alocar na que não subiu.
Por que corretoras e especialistas defendem isso?
Segundo os defensores dessa estratégia, as principais vantagens dela são:
- Permite, de uma maneira “simples e inteligente”, comprar na baixa e vender na alta: quando o mercado de ações estiver caindo, você precisará comprar para reestabelecer os percentuais definidos, e precisará vender quando estiver subindo.
- Redução de risco: evita grandes exposições em renda variável.
- Restaura os percentuais definidos em sua estratégia de alocação.
Mas essa estratégia vale à pena?
Você já deve ter ouvido falar no conceito da “bola de neve”. Uma bola de neve vai crescendo à medida que vai descendo a montanha e, com o tempo, ela vai ficando cada vez maior e mais forte.
É assim, também, com os seus investimentos. Com o tempo eles vão crescendo e desenvolvendo o seu patrimônio. É o tempo que faz a bola de neve (seu patrimônio) crescer.
Agora, pense que toda vez que a bola de neve começa a crescer você tira pedaços dela. Ela irá crescer bem mais devagar e chegará no final num tamanho bem menor.
Ou então, se imagine numa corrida de rua em que você dispara na frente. De repente, vem alguém e lhe segura pela camisa. Você não consegue correr e terá que ir mais devagar, para esperar os corredores mais lentos.
Nessa corrida ninguém pode se sobressair e brilhar, todos têm que estar na passada predeterminada. Isso é bom?
Todos chegarão à linha de chegada? Sim. Mas não terá nenhum vencedor.
É isso o que acontece quando você faz rebalanceamento de carteira.
Você sempre estará vendendo o que está mais na frente, interrompendo o crescimento e o desenvolvimento, para alimentar as posições perdedoras.
Você percebe o quanto essa alocação não tem nada de inteligente?
Qualquer recomendação de vender o que está na frente é completamente imbecil, pois recomenda vender os bons investimentos, justamente os que vão te deixar rico.
Bastter. Eu Quero Ser Rico
Com essa estratégia, você nunca conseguirá ter ações diferenciadas na sua carteira. Aquelas poucas, que se desenvolvem e crescem tanto, que faz toda a diferença no seu patrimônio.
Em uma reunião de 2013 da Berkshire Hathaway, foi declarado que durante toda a vida o oráculo de Omaha (Buffett) teve entre 400 a 500 ações, mas a maior parte do dinheiro veio de apenas 10. Como disse Charlie Munger, “se você remover alguns poucos investimentos de alta performance, a Berkshire tem um histórico medíocre.
Ou seja, os melhores “stock pickers” do mundo, em mais de 60 anos de atuação, compraram quase 500 ações e dessas apenas 10 foram responsáveis pela maior parte do retorno.
Texto retirado do livro The Psychology of Money
Se Warren Buffett fizesse rebalanceamento de carteira não seria quem é hoje.
Numa carteira com 30, 40 ações, você terá 4 ou 5 com excelentes desempenhos e, talvez, 1 ou 2 com desempenhos extraordinários (tenbaggers), que farão toda a diferença e “puxarão” o seu patrimônio para cima.
Se você ficar sempre se desfazendo dessas ações para realocar em ativos mais “lentos”, você nunca terá um patrimônio robusto e diferenciado. NUNCA!
“Ah! E se o meu percentual em ações chegar a 60%, mas a minha estratégia era de 30%?”
E daí?! Tá achando ruim, é?!
Deixa o foguete subir.
A primeira regra da composição é jamais interrompê-la desnecessariamente.
Charlie Munger
Essa alocação “burra” pode até não lhe causar grandes prejuízos. No final você terá um patrimônio. Mas evitará que você tenha ganhos extraordinários que podem elevar o seu patrimônio a “outro patamar”.
O gráfico acima mostra a diferença entre uma estratégia Buy and Hold e uma de rebalanceamento de carteira.
A grande diferença no final é visível.
Veja esse outro gráfico:
Imagine que na sua carteira tivesse ITUB3 e OIBR3, por exemplo, e num determinado ponto você vendesse ITUB para realocar em OIBR. Já sabe o que aconteceria, né? O seu patrimônio estaria absurdamente menor atualmente.
Alocação “inteligente” é a coisa mais burra que você pode fazer nos seus investimentos.
Bastter
E eu assino embaixo.
Se é tão ruim assim, por que as corretoras e “especialistas” defendem?
Porque tais instituições vivem de taxas, corretagens, spreads, etc. Patrimônio parado não gera receitas. Você precisa girar patrimônio, pagando taxas e impostos, para alimentar o sistema.
E só um sai perdendo com isso. Adivinhe quem? VOCÊ!
Isso não serve nem para controle de risco. Aliás, só controla o risco de você enriquecer. A melhor maneira, disparada, de gerenciar risco é por meio da diversificação, e não rebalanceando a sua carteira vendendo ativos.
Você pode e deve fazer rebalanceamento. Mas nunca vendendo e girando patrimônio. Ele deve ser feito por meio dos novos aportes.
O percentual em ações está muito alto? Faça novos aportes em renda fixa então. E vice-versa.
Conclusão
Portanto, evite fazer essa burrice com o seu patrimônio. Deixe o seu patrimônio se desenvolver livremente, sem amarras. Deixe as ações vencedoras crescerem. Pois ela são poucas.
E se você se livrar delas, isso fará uma grande diferença, para baixo, no final.
O único rebalanceamento de carteira que você deve fazer é por meio dos novos aportes. Vender e girar patrimônio só da lucros para corretoras, nunca para você.
Faça a sua alocação, realmente inteligente, e sejaricovctb.
Ah! Agora responda: quem se aposentou com patrimônio maior? João ou Maria?
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